segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Isto são coisas que não se aprendem no Facebook

«Parece que a minha vida na Villa Borghese acabou. Bem, pegarei nestas páginas e partirei. As coisas acontecerão noutro lado qualquer. Estão sempre a acontecer. Parece que aonde quer que vá há drama. As pessoas são como piolhos: introduzem-se sob a pele e enterram-se lá. Coçamos e coçamos até fazer sangue, mas não nos livramos permanentemente deles. Aonde quer que vou as pessoas estão a complicar a vida. Toda a gente tem a sua tragédia pessoal. Já está no sangue: infelicidade, tédio, desgosto, suicídio... A atmosfera está saturada de infortúnio, frustração, futilidade...Coça e recoça até não restar pele. No entanto, o efeito que isso exerce sobre mim é inebriante. Agrada-me, em vez de me desencorajar ou deprimir. Choro por mais e mais infortúnios, por maiores calamidades e fracassos mais estrondosos. Quero o Mundo todo destrambelhado, quero toda a gente a esgatanhar-se até à morte».

Henry Miller, em «Trópico de Câncer» (1934)

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